A semente foi plantada em 1915, quando o jovem sapateiro Miguel Bartolomeu deixou Santana do Guaraciaba (MG) “com um pé de ferro e um pedaço de couro”, mascateando produtos e abrindo caminho para um pequeno comércio que, décadas depois, ganharia escala e organização.
Na virada dos anos 1940 para os 1950, já em Ponte Nova, o negócio assumiu contornos empresariais sob a marca Casas Miguel Bartolomeu; em 1969, uma filial em Belo Horizonte, na Rua Peçanha, consolidou a presença na capital e preparou o salto para o atacado que viria na geração seguinte.
Nos anos 1970, a terceira geração da família assumiu protagonismo depois de uma crise em 1977. O período marcou a profissionalização das operações, com o então adolescente Ivan Trivellato “separando pedidos” e pegando a estrada aos sábados para vender, ao lado do avô, um retrato do espírito comercial que permeia a cultura da empresa.
Em 1988, a Tambasa expandiu para o Ceasa e ergueu a nova sede às margens da BR-040; três anos depois, inaugurou o centro de distribuição em Contagem, com 33 mil m², base de uma logística que se multiplicaria ao ritmo do portfólio e da carteira de clientes.

Em 2005, o depósito saltou para 63 mil m²; em 2012, a compra de um terreno de 110 mil m² permitiu elevar a estocagem em mais 27 mil m², com pé-direito de 25 m e sistemas automáticos de armazenagem, infraestrutura que pavimentou a capilaridade nacional que definiria a fase seguinte.
Os diamantes da Tambasa
A cultura interna também ganhou contornos próprios. A empresa se define como horizontal, com pouco formalismo hierárquico e ênfase no fluxo rápido de informação; além disso se refere a seus colaboradores como “diamantes”, linguagem que ajuda a explicar por que a gestão de gente e a autonomia na ponta são tratadas como vantagens competitivas, não apenas slogans. A lógica é simples: mais velocidade para vender, comprar e atender.

O resultado desse modelo aparece nos números operacionais. O mix supera 30 mil itens de giro (de materiais de construção a utilidades domésticas, EPIs, itens para pet e limpeza) para um universo de centenas de milhares de clientes ativos, atendidos por uma rede de representantes e um ecossistema logístico que combina frota terceirizada e dezenas de CDs espalhados pelo país.
A capilaridade chega a 95% dos municípios do país, com armazenagem centralizada em Minas e distribuição ajustada por demanda. É uma operação de atacado puro, com pedido mínimo e foco no varejo independente, que se defende de novos entrantes com uma integração de produtos e serviços lapidada ao longo de décadas.
Ao mesmo tempo, a Tambasa soube traduzir eficiência operacional em símbolos de modernidade.
Em 2023, inaugurou em Contagem a maior usina solar sobre telhado da América Latina: 10 mil placas cobrindo aproximadamente 55 mil m², com geração de cerca de 400 mil kWh por mês (energia suficiente para abastecer por volta de 1.400 residências com consumo médio).

A entrevista em 11 de abril com Ivan Trivellato no podcast Lonax Play ajuda a juntar as peças dessa trajetória: da cultura de “diamantes” à obsessão por sortimento e disponibilidade, da proximidade com a base varejista à crença no relacionamento como barreira competitiva.
O fio condutor é a continuidade entre gerações: a passagem do bastão que preserva o espírito empreendedor dos fundadores, mas atualiza processos e tecnologia para um Brasil de dimensões continentais.
Hoje, com sede em Contagem e décadas de aprendizagem logística, a Tambasa se posiciona como uma das referências do atacado nacional em materiais de construção e linhas correlatas, um player que cresceu ao lado do varejo independente, mantendo estoques profundos, serviço ágil e leitura fina de demanda.
A redação Lonax Play entrevistou com exclusividade Bruno Trivellato, filho do Ivan e bisneto de seu Miguel. Bruno atua principalmente nos projetos de expansão da Tambasa. E ainda encontra tempo para cuidar dos “diamantes” da empresa: o capital humano da Tambasa.

Lonax Play – Você entrou na empresa em que área e em que momento percebeu que faria carreira no Grupo? O que mais te marcou nos primeiros anos na empresa criada por seu bisavô?
Bruno – Em 2008 entrei através de um programa de trainee que durou 18 meses, junto do primeiro grupo de primos que compõe a 4ª geração da empresa e que contribuem com a gestão. O que mais me marca é a presença forte dos princípios e valores da família na cultura da empresa: simplicidade, verdade e trabalho correm no sangue do mundo Tambasa.
Lonax Play – A cultura dos “diamantes” e a organização horizontal seguem vivas. Como o RH traduz esses princípios hoje em recrutamento, desenvolvimento e liderança?
Bruno – A falta de mão de obra tem sido assunto recorrente na maioria das empresas, porém aqui na Tambasa isso é um ponto que chama a atenção.
Ao longo dos anos, nos tornamos referência no mercado e com a constância nos resultados, crescimento e oportunidades internas, sempre que temos vagas, são ocupadas preferencialmente por candidatos internos; e quando abrimos para o público, temos a alegria de vermos o quanto essas vagas são cobiçadas e disputadas.
Acreditamos que o conhecimento é o que pode realmente transformar pessoas e famílias, por isso investimentos no desenvolvimento das pessoas e criamos condições para aqueles que realmente querem crescer possam se desenvolver.
Lonax Play – Quais competências vocês mais buscam nos representantes e no time interno para sustentar um portfólio de 30 mil itens e cobertura nacional?
Bruno – Normalmente pessoas são escolhidas por competências técnicas e são demitidas por motivos comportamentais; por isso as competências comportamentais se destacam. Motivação e inteligência emocional são competências em destaque, seguidas de criatividade, comunicação, empatia, resolução de problemas, proatividade e busca pelo perfil de liderança em cargos de gestão.
Lonax Play – Como a Tambasa equilibra tecnologia (automação de armazenagem, analytics, roteirização) e autonomia das equipes na ponta?
Bruno – Nosso cliente não quer saber se investimos 500 milhões em melhorias na operação ou se triplicamos nossa área de armazenagem, ele quer variedade, preço justo e volume.
As equipes da ponta, sejam os motoristas entregadores ou o time de vendas são quem tem contato com nossos clientes, eles que são a cara do Grupo para o Brasil, e nós estamos aqui para apoiá-los.
A automação tem nos permitido trabalhar com mix muito variado de produtos, abrangendo muitas linhas do segmento da construção, além de novas linhas de produtos de diferentes setores.
As tecnologias são vistas por nós como ferramentas que nos permitem atender melhor os nossos clientes através de nossos representantes comerciais que são autônomos e estão espalhados pelos quatro cantos deste país.
Lonax Play – A usina solar em Contagem virou referência. Que aprendizados essa agenda ESG trouxe para RH e Novos Negócios? Há novos projetos no radar?
Bruno – As usinas solares fazem parte de um conjunto de soluções limpas dentre várias outras que temos nesta agenda ESG; cada expansão e ampliação reservamos áreas verdes preservadas que já se somam mais de 1 milhão de metros quadrados preservados.
Compramos mais 8 usinas solares que serão instaladas nos próximos 3 meses em nossas unidades em diferentes estados do país.
Lonax Play – Em épocas de pressão competitiva, o que diferencia a Tambasa no relacionamento com o varejo independente: serviço, crédito, sortimento?
Bruno – O Brasil é uma montanha russa e atrás de morro vem outro morro, portanto é nesse cotidiano de turbulência que vivemos cada época em um setor diferente de mercado e temos que estar preparados com muito estoque, o mix mais variado e completo com constante atualização de produtos e preços, favorecendo e fortalecendo os mercados locais e facilitando a gestão de milhares de pequenas e médias empresas familiares. Falo destes empreendedores guerreiros que somam mais de 20 milhões de CNPJs no país.
Lonax Play – Olhando adiante, quais são as avenidas de crescimento que você enxerga para a próxima década? Novas categorias, serviços financeiros, aquisições, internacionalização?
Bruno – Nossa missão é integrar a produção ao consumo e é nesta simplicidade que temos de seguir abastecendo o país. Muitas tecnologias têm aparecido e estamos dispostos a conhecer, entender e adaptá-las para que sejam ferramentas a potencializar as vendas de nossos representantes.
As oportunidades são muito variadas e em cada detalhe que se dá atenção percebemos um oceano azul, mas sem se perder do nosso foco que é levar as fábricas para junto do consumidor em cada município deste país com dimensões continentais.
Lonax Play – A Tambasa e a Lonax têm uma relação longa e profícua. Como você qualifica esse relacionamento e de que modo a relação Tambasa/Lonax inspirou a empresa no relacionamento com seus maiores fornecedores?
Bruno – Agora em outubro de 2025 completamos 76 anos; 76 anos não são 76 dias, e para chegar até aqui aprendemos com o passar dos anos e das gerações: que para conquistar grandes resultados são fundamentais parcerias positivas e duradouras. Porque por trás de todo CNPJ tem um CPF, e acredito ser impossível fazer bons negócios com pessoas ruins assim como é improvável fazer um mau negócio com pessoas boas; somos nós que estamos a frente das negociações e cara a cara com nossos fornecedores, eles têm confiança e sabem que podem contar conosco assim como nós confiamos e contamos com eles; essa relação de mão dupla faz com que cada fábrica tenha importância e oportunidade para usar nossa estrutura para crescer, investir em suas instalações e avançar para o mercado com a certeza de nosso apoio e a honradez que temos por nossos compromissos e responsabilidades.
A relação que meu pai desenvolveu ao longo de tantos anos com Ivana e Pollyana são exemplo claro da importância das pessoas envolvidas; a Lonax e Tambasa são parceiros e juntos somos muito fortes, alinhados pelo propósito de vender mais com mais volume e trabalhando lado a lado pelo crescimento do nosso país.
Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.
