Saúde mental: desafio das organizações modernas

Falar sobre saúde mental deixou de ser tabu e tornou-se uma necessidade urgente dentro das empresas.

Falar sobre saúde mental deixou de ser tabu e tornou-se uma necessidade urgente dentro das empresas.
O ambiente corporativo, historicamente moldado por metas, prazos e disputas de espaço, enfrenta agora uma demanda crescente: zelar pelo equilíbrio emocional de seus colaboradores.

Não se trata apenas de oferecer bons salários ou benefícios, mas de criar um ecossistema capaz de sustentar a produtividade sem esmagar a vida das pessoas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece os transtornos mentais relacionados ao trabalho como um dos principais fatores de afastamento em todo o mundo.

No Brasil, o INSS aponta que doenças como depressão, ansiedade e síndrome de burnout estão entre as principais causas de licenças médicas prolongadas.

Essa realidade expõe a necessidade de uma transformação profunda na forma como as empresas lidam com o bem-estar de suas equipes.

Fonte: Envato

Nesse contexto, os departamentos de Recursos Humanos e o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) tornam-se protagonistas. Mais do que gestores de processos, assumem o papel de guardiões da saúde psicológica, atuando na prevenção de riscos e na promoção de uma cultura de acolhimento.

O grande desafio das organizações modernas é equilibrar as exigências de mercado com a qualidade de vida. Muitas vezes, a pressão por resultados transforma o ambiente de trabalho em fonte de sofrimento. Reuniões intermináveis, metas nalcançáveis e falta de clareza sobre papéis são exemplos de fatores que corroem a motivação.

Por outro lado, empresas que adotam políticas consistentes de saúde mental reduzem custos com afastamentos, aumentam o engajamento e retêm talentos.

Outro ponto crucial é o papel da liderança. Chefias despreparadas podem agravar problemas, enquanto líderes empáticos contribuem para criar um espaço seguro. Programas de capacitação em comunicação não violenta, escuta ativa e gestão humanizada ajudam a prevenir conflitos e fortalecer vínculos. O desafio é grande, mas os resultados são claros: colaboradores mais satisfeitos, ambientes mais cooperativos e empresas mais sustentáveis.

A tecnologia também é aliada, oferecendo canais de apoio psicológico remoto, programas de monitoramento e até inteligência artificial para mapear riscos psicossociais. No entanto, nenhuma ferramenta substitui o fator humano: olhar, ouvir e respeitar o trabalhador como protagonista de sua história.

Se no passado o trabalho era visto apenas como meio de subsistência, hoje ele se conecta diretamente à identidade e ao propósito. Garantir saúde mental é, portanto, garantir dignidade. Empresas que ignoram essa realidade tendem a enfrentar alta rotatividade, absenteísmo e queda de competitividade. Já aquelas que abraçam a causa conquistam algo ainda mais valioso: confiança.


Segundo Dunalva de Lacerda, gerente de RH, DP e SESMT da Lonax, a saúde mental precisa ser pensada como parte da estratégia organizacional. Não basta apenas reagir a crises; é necessário construir uma política preventiva que enxergue as pessoas como seres integrais.

Lonax Play – Quais os principais sinais que indicam que um colaborador pode estar enfrentando problemas de saúde mental no trabalho?


Dunalva – É importante observar sinais de alerta, como:

  • Mudança repentina de comportamento;
  • Crises de choro acompanhadas de falta de ar, suor intenso ou ausência repentina;
  • Revivência de situações estressantes com sintomas físicos como palpitação e falta de ar;
  • Discursos de desesperança, pensamento de morte ou suicídio;
  • Insônia persistente associada à tristeza e ansiedade;
  • Fala desorganizada;
  • Delírios e alucinações;
  • Concentração prejudicada;
  • Absenteísmo ou procrastinação;
  • Uso abusivo de substâncias ou abstinência severa.

Lonax Play – Como o SESMT pode atuar de forma integrada com o RH na prevenção e transtornos relacionados ao ambiente corporativo?

Dunalva – O Governo Federal atualizou a NR-1 para incluir a identificação de riscos psicossociais no ambiente de trabalho, criando oportunidades de avanço na saúde mental corporativa.

A norma obriga as empresas a implementarem medidas para gerenciar esses riscos, garantindo que os colaboradores não adoeçam mentalmente por sobrecarga ou ambientes tóxicos. Para isso, as empresas devem elaborar o o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), disponível para fiscalização. Assim, SESMT e RH precisam alinhar processos e implementar ações preventivas que promovam a saúde mental.

Além disso, o Ministério da Saúde atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo transtornos de ansiedade, depressão e síndrome de burnout.

Lonax Play – Quais políticas a Lonax adota para acolher colaboradores em situações de estresse ou esgotamento?

Dunalva – Contamos com o Programa Bem Viver, uma iniciativa voltada aobem-estar e desenvolvimento dos colaboradores, que inclui:

  • Benefícios e parcerias de apoio psicológico;
  • Suporte assistencial;
  • Celebração de datas especiais, eventos e lazer;
  • Treinamentos e bolsas de estudos.

Além disso, neste ano o RH implementou um programa de desenvolvimento de lideranças, reforçando o papel estratégico desse setor.

Lonax Play – Que papel os líderes têm no processo de promoção da saúde mental no dia a dia das equipes?

Dunalva – Os líderes precisam de letramento em saúde mental para reconhecer riscos e identificar mudanças de comportamento. Também devem tuar na promoção de um ambiente saudável por meio da comunicação clara, do respeito mútuo e da prevenção.

Oferecer apoio e autonomia, alinhar expectativas, ouvir, acolher, reconhecer talentos e criar ambientes emocionalmente seguros são práticas fundamentais.

Lonax Play – Como equilibrar a busca por alta performance sem comprometer o bem-estar emocional dos trabalhadores?

Dunalva – O primeiro passo é humanizar o ambiente de trabalho. Isso envolve criar uma cultura organizacional forte, sustentada por valores genuinamente humanos e por uma liderança empática e engajada.

Algumas práticas essenciais:

  • Evitar sobrecarga de trabalho e jornadas exaustivas;
  • Garantir um ambiente seguro e saudável;
  • Reconhecer e valorizar os colaboradores, evitando impactos destrutivos na motivação;
  • Reduzir o microgerenciamento e estimular a participação em decisões;
  • Alinhar os valores do profissional com os da empresa;
  • Incentivar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.

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