Competitividade, produtividade e acesso a mercados exigentes. Para se destacar no mercado,o aquicultor precisa investir em certificações, uso eficiente da água e monitoramento ambiental.
Competitividade, produtividade e acesso a mercados exigentes. Para o aquicultor trilhar esse caminho, é essencial estar munido de três “bagagens” fundamentais: obtenção de certificações, uso eficiente da água e monitoramento ambiental.
Produtores que investem nessas frentes não apenas elevam a qualidade do que produzem, mas também constroem uma reputação sólida junto a compradores nacionais e internacionais. Isso amplia seu alcance comercial e assegura o fortalecimento e o crescimento do negócio.

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Certificações que abrem portas
Certificações como BAP (Best Aquaculture Practices), ASC (Aquaculture Stewardship Council), Global G.A.P. e certificações orgânicas funcionam como um passaporte para mercados mais exigentes. Elas comprovam que o produtor segue boas práticas de manejo, respeita o meio ambiente e o bem-estar animal, além de cumprir com legislações sanitárias e trabalhistas.
Para obtê-las, é necessário passar por rigorosos processos de auditoria, realizar adaptações nas rotinas produtivas e manter registros detalhados das atividades. Apesar de demandarem investimentos, os benefícios são significativos: valorização do produto, maior aceitação no mercado e diferenciação em ambientes altamente competitivos.
O Ministério da Pesca e Aquicultura tem promovido a Licença de Aquicultor como ferramenta para fortalecer o setor. Além de regularizar a atividade, essa licença facilita o acesso a crédito, apoios públicos e mercados nacionais e internacionais.
Segundo a Embrapa, certificações, rastreabilidade e boas práticas são diferenciais competitivos essenciais para conquistar consumidores exigentes e agregar valor à produção.
Quem deseja se certificar deve entender que esse é um processo contínuo de melhoria. Consultoria técnica especializada pode ajudar a identificar pontos de não conformidade e propor soluções viáveis. Uma das primeiras etapas é realizar um diagnóstico detalhado da produção atual. Em seguida, é elaborado um plano de adequação, que pode envolver desde melhorias estruturais nos viveiros até a capacitação da equipe.
Usar a água com respeito e inteligência
O uso racional da água tornou-se uma urgência diante dos impactos das mudanças climáticas e da crescente pressão sobre os recursos hídricos. A aquicultura moderna exige soluções inteligentes que garantam produtividade sem esgotar as fontes naturais. Técnicas como recirculação da água, uso de biofiltros, controle preciso da alimentação e dimensionamento adequado dos viveiros ajudam a reduzir o consumo e a aumentar a eficiência.
Em muitos casos, é possível economizar até 70% da água tradicionalmente utilizada. O Sistema de Recirculação Aquícola (RAS) é um dos avanços mais promissores nessa área. Ele permite reutilizar a mesma água por longos períodos — desde que devidamente tratada — garantindo qualidade para peixes e camarões. O RAS já é amplamente utilizado em sistemas de cultivo intensivo, especialmente em regiões com restrições hídricas ou próximas a centros urbanos.

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Embora o investimento inicial possa ser alto, o retorno se dá por meio de maior produtividade, menor impacto ambiental e maior segurança sanitária. Além disso, produtores que adotam essas tecnologias costumam estar mais próximos das exigências das certificadoras e dos grandes compradores internacionais.
A gestão da água é essencial na aquicultura. A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Fernanda Garcia Sampaio, destaca: “O aquicultor é o maior interessado em manter preservado seu principal instrumento de produção: a água.” Estudos reforçam que o manejo eficiente e sustentável desse recurso é vital para garantir a produtividade e reduzir impactos ambientais, especialmente em sistemas intensivos.
Monitoramento ambiental completa o trio de ouro
Outro pilar essencial da produção sustentável é o monitoramento ambiental. O acompanhamento regular da qualidade da água — incluindo parâmetros como oxigênio dissolvido, pH, temperatura, turbidez, amônia, nitrito e nitrato — permite prevenir doenças, evitar o estresse nos animais e garantir boas taxas de crescimento.
O monitoramento é uma das bases do ordenamento sustentável da aquicultura. A Rede Nacional coordenada por Fernanda Sampaio reforça que o acompanhamento de indicadores ambientais assegura a qualidade da água e do cultivo. A Agência Nacional de Águas (ANA) incentiva o automonitoramento, prática na qual o próprio produtor mede e declara seus dados, promovendo transparência, controle e responsabilidade.
Equipamentos modernos, como sondas e sensores automáticos, facilitam esse processo, fornecendo dados em tempo real e permitindo uma gestão mais precisa. Ignorar o monitoramento pode resultar em sérios prejuízos: um surto bacteriano, uma queda brusca de oxigênio ou um pico de amônia podem dizimar uma produção inteira em poucos dias.
Segundo o engenheiro de pesca André “O ideal é começar por ajustes simples e crescer com planejamento”, afirma Carvalho. Para o produtor rural que deseja evoluir nessa jornada, o primeiro passo é buscar informação e apoio técnico. Existem programas públicos e privados que oferecem consultoria, cursos, visitas técnicas e até subsídios para adaptação de estruturas.
Órgãos como a Embrapa, universidades federais e instituições como o Sebrae e o Senar têm atuado fortemente no fortalecimento da aquicultura sustentável. Além disso, cooperativas e associações de produtores desempenham papel fundamental na capacitação e organização de pequenos e médios aquicultores.
A valorização da produção certificada e sustentável não vem apenas dos mercados externos. No Brasil, redes de supermercados, restaurantes e plataformas de venda direta têm dado preferência a produtores que adotam boas práticas e demonstram responsabilidade ambiental. Isso se traduz em preços melhores, contratos mais estáveis e fidelização de clientes.
A gestão eficiente da aquicultura depende de planejamento, conhecimento e tecnologia. Com os recursos certos, é possível transformar pequenos viveiros em empreendimentos lucrativos e sustentáveis. A tecnologia está cada vez mais acessível: há softwares gratuitos ou de baixo custo que auxiliam no controle de alimentação, qualidade da água e sanidade animal.
Por fim, é importante lembrar que o consumidor moderno está cada vez mais atento à origem dos alimentos. Ele quer saber se o peixe foi criado com respeito ao meio ambiente, se os trabalhadores são tratados com dignidade e se há rastreabilidade na produção. Por isso, investir em certificações, boas práticas e controle ambiental deixou de ser uma escolha e se tornou uma exigência de mercado.

Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.