Na primeira parte desta reportagem especial, exploramos a importância da cultura organizacional, da governança e do planejamento financeiro com visão de longo prazo como pilares para a implementação efetiva do ESG (Ambiental, Social e Governança).
Fique com a segunda parte da entrevista exclusiva com Marcus Lindgren, professor e consultor da Fundação Dom Cabral, em que são abordadas estratégias práticas para liderar a mudança organizacional, envolver os colaboradores e transformar a sustentabilidade em um valor real dentro das empresas.
Liderança: da retórica à prática
A resistência à mudança é um fenômeno comum no meio corporativo, especialmente quando falamos de temas como ESG, que exigem revisão de prioridades e hábitos estabelecidos. Para Marcus Lindgren, a superação dessa resistência começa pelo comportamento da liderança.
“As mudanças são feitas pelo exemplo e não pela verbalização de ideias”, afirma. O discurso sobre sustentabilidade, ética e compromisso social precisa ser respaldado por ações concretas. “A liderança precisa se comunicar bem e dar clareza sobre qual é o posicionamento futuro da empresa. Mas só a narrativa não cola. É o comportamento dos líderes que vai mostrar se o ESG é para valer.”
Mais do que convencer pelo discurso, o líder deve engajar pelo exemplo. Isso significa tomar decisões difíceis em nome da coerência com os valores defendidos, priorizar iniciativas sustentáveis, e dar visibilidade a ações concretas que reafirmem o compromisso com as boas práticas de governança e responsabilidade.

Fonte: Envato
Gestão da mudança: paciência, consistência e tenacidade

A resistência à mudança é um fenômeno comum no meio corporativo, especialmente quando falamos de temas como ESG, que exigem revisão de prioridades e hábitos estabelecidos. Para Marcus Lindgren, a superação dessa resistência começa pelo comportamento da liderança.
“As mudanças são feitas pelo exemplo e não pela verbalização de ideias”, afirma. O discurso sobre sustentabilidade, ética e compromisso social precisa ser respaldado por ações concretas. “A liderança precisa se comunicar bem e dar clareza sobre qual é o posicionamento futuro da empresa. Mas só a narrativa não cola. É o comportamento dos líderes que vai mostrar se o ESG é para valer.”
Mais do que convencer pelo discurso, o líder deve engajar pelo exemplo. Isso significa tomar decisões difíceis em nome da coerência com os valores defendidos, priorizar iniciativas sustentáveis, e dar visibilidade a ações concretas que reafirmem o compromisso com as boas práticas de governança e responsabilidade.
ESG na prática: treinamentos que fazem a diferença
Transformar ESG em parte do DNA organizacional depende da capacitação contínua dos colaboradores. Os treinamentos são ferramentas fundamentais para traduzir os conceitos em ações do dia a dia. Mas não podem ser tratados como uma etapa pontual.
“Os treinamentos corporativos devem ser momentos de elucidação de dúvidas e também de construção gradual de cultura”, afirma Lindgren. Para ele, a capacitação deve ser recorrente e cumulativa – uma construção de longo prazo que vai formando os alicerces de uma nova mentalidade empresarial.
Isso significa que não basta promover um grande workshop uma única vez. É necessário criar uma trilha formativa que evolua com o tempo, incorporando novas práticas, cases e reflexões. “De tempos em tempos, devemos colocar todos na sala de aula para colocar mais um tijolinho nessa construção”, compara o professor.
Educação ativa e aplicada
A eficácia do treinamento está diretamente ligada à metodologia adotada. Para Lindgren, os programas mais bem-sucedidos são aqueles que combinam teoria com prática, e que saem da bolha corporativa para incluir a realidade da comunidade e do mercado.
“Os treinamentos precisam combinar conceituação teórica com aplicação prática. Ora se apresenta um conceito dentro de sala de aula, ora se visita o chão de fábrica, o campo, para ver o resultado na prática”, sugere. A ideia é permitir que os colaboradores compreendam como os princípios do ESG se traduzem em ações reais, dentro e fora da empresa.
Além disso, ele defende a inclusão do ambiente externo no processo formativo. Para que a sustentabilidade seja de fato efetiva, não basta olhar apenas para dentro. É preciso compreender o impacto da atuação da empresa na sociedade, no meio ambiente e nos ecossistemas com os quais se relaciona.
ESG: visão de futuro e vantagem competitiva

Fonte: shutterstock.com
Ao longo da entrevista, Marcus Lindgren reforça um ponto essencial: ESG é sobre visão de longo prazo. É uma escolha estratégica de sobrevivência e de construção de vantagem competitiva sustentável.
Se no curto prazo pode parecer que investimentos em sustentabilidade não geram retorno imediato, no médio e longo prazos eles garantem diferenciação, reputação, atração de talentos, acesso a capital e resiliência diante de crises. Em outras palavras, ESG é um investimento em perenidade.
Contudo, para colher esses frutos, é necessário encarar o desafio com seriedade e compromisso. “As práticas de ESG devem aumentar a competitividade futura. Se não, é jogar dinheiro fora”, alerta Lindgren.
Conclusão: ESG não é um destino, é uma jornada
Como reforça Marcus Lindgren, ESG é uma jornada de transformação. Não se trata de cumprir um checklist ou atender a uma exigência externa. Trata-se de incorporar um novo modelo mental que guiará todas as decisões do negócio – do conselho administrativo à linha de frente.
Essa jornada exige coragem, humildade e persistência. Começa com uma governança sólida, que organiza os processos e dá espaço à ética. Passa pela liderança exemplar, que inspira e dá o tom da mudança. E se consolida na capacitação contínua, que transforma valores em comportamento.
Mais do que uma obrigação, ESG é uma oportunidade. É o caminho para construir empresas mais resilientes, éticas, respeitadas e alinhadas com os valores de uma nova geração de consumidores, investidores e profissionais.

Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.