O desenvolvimento do LumiBot, robô criado pela Embrapa para detectar pragas em lavouras, é um símbolo claro de como a tecnologia começa a transformar a agricultura.
A ideia central não é substituir o produtor, mas ampliar sua capacidade de monitoramento e tomada de decisão. Em vez de depender exclusivamente do olhar humano, limitado pelo tempo e pelas condições de campo, a tecnologia permite acompanhar cada metro quadrado da lavoura com sensores, inteligência artificial e alta velocidade.
A informatização no agronegócio não é um fenômeno isolado. Países como Estados Unidos, Japão, Israel e Holanda já avançam com drones, tratores autônomos e sistemas inteligentes de irrigação. No Brasil, os primeiros passos ganharam força na mecanização da colheita de cana-de-açúcar e soja. Agora a fronteira tecnológica se desloca para áreas de monitoramento, análise e tomada de decisão.
O LumiBot, robô desenvolvido pela Embrapa, representa bem essa mudança de paradigma. O equipamento atua no período noturno, usando sensores de luz ultravioleta para “iluminar” as plantas e detectar padrões de doenças ou pragas. Cada análise leva apenas sete segundos, e o índice de acerto chega a 80%. A expectativa dos pesquisadores é que, com o aprimoramento do algoritmo, esse número aumente progressivamente.
Essa tecnologia antecipa um novo modelo de agricultura: diagnóstico precoce e ação rápida, reduzindo danos às culturas, economizando insumos e elevando a produtividade.
Apesar do avanço tecnológico, o LumiBot ainda está em fase de protótipo. O robô opera bem em condições controladas, como estufas e laboratórios, mas precisa ser adaptado para o ambiente real das lavouras: sol forte, chuva, poeira, barro, calor e frio. “Nosso próximo passo é fazer com que o robô seja robusto o suficiente para operar em campo aberto com a mesma eficiência”, explicaram os pesquisadores responsáveis pelo projeto.

Outro ponto crítico é o custo de produção. O Brasil tem mais de 4 milhões de propriedades rurais e a adoção em massa de robôs agrícolas dependerá de preços acessíveis e de linhas de crédito compatíveis com a realidade do produtor. A tendência é que o custo caia à medida que a tecnologia avance e entre em escala comercial.
Além disso, há a questão da conectividade rural. Muitas fazendas ainda não contam com infraestrutura adequada de internet, o que limita o uso de tecnologias mais avançadas. Iniciativas de conectividade no campo, como redes 5G rurais, serão fundamentais para sustentar a próxima onda de automação agrícola.
As múltiplas utilidades dos robôs
Sistemas autônomos podem atuar na pulverização localizada, aplicando defensivos apenas onde há necessidade, reduzindo drasticamente os volumes utilizados e evitando contaminação desnecessária do solo. Isso significa economia direta para o produtor e ganhos ambientais para toda a cadeia.
Em fazendas de grande porte, robôs já são usados para mapeamento e monitoramento de lavouras com câmeras multiespectrais, capazes de identificar variações de vigor vegetativo, estresse hídrico ou presença de ervas daninhas. Essa precisão permite que a tomada de decisão seja baseada em dados – e não em estimativas ou suposições.

A utilização na pecuária
Na pecuária, a alta tecnologia também avança. Existem equipamentos para alimentação automatizada, monitoramento de pastagens e até controle de movimentação de animais, integrando informações em tempo real. A lógica é a mesma: menos desperdício, mais produtividade e maior previsibilidade.
A robotização representa um salto estratégico para a competitividade do agronegócio brasileiro. A redução de custos operacionais, a otimização no uso de insumos e a maior eficiência produtiva geram ganhos diretos de margem para o produtor. Segundo especialistas do setor, em alguns casos, a automação pode reduzir em até 30% os custos com defensivos agrícolas, além de aumentar em até 20% a produtividade média por hectare.
Do ponto de vista ambiental, a agricultura de precisão, apoiada por robôs e sensores inteligentes, contribui para minimizar impactos sobre o solo, lençóis freáticos e biodiversidade. Pulverizar menos, com mais assertividade, significa menos resíduos químicos e menos pressão sobre os ecossistemas.
Esses fatores também ajudam a melhorar a imagem do agronegócio brasileiro no mercado internacional, atendendo exigências crescentes de sustentabilidade e rastreabilidade da produção.
Com robôs no campo, o perfil do produtor rural também muda. Em vez de depender apenas da experiência empírica, ele passa a atuar como gestor de dados e tecnologia, analisando mapas, relatórios, alertas e recomendações em tempo real. Isso não elimina o conhecimento tradicional, mas o potencializa com inteligência artificial e ciência aplicada.
A integração dessas ferramentas cria um novo ecossistema produtivo: robôs, sensores, conectividade, softwares de análise e plataformas de decisão. Produtores que dominarem essas ferramentas terão vantagens competitivas expressivas.
Em propriedades que já usam sensores, drones e softwares de análise, a incorporação de robôs tende a fechar o ciclo de automação, desde o monitoramento até a execução de tarefas específicas.
O mercado bilionário de robôs agrícolas
O mercado global de robôs agrícolas movimentou cerca de US$ 13 bilhões em 2023 e deve atingir US$ 25 bilhões até 2030, segundo dados da consultoria Markets and Markets. A maior parte dessa expansão vem da América Latina e Ásia, onde a mecanização e digitalização das lavouras ainda têm muito espaço para crescer.
No Brasil, o avanço é estimulado por dois fatores centrais: com lavouras extensas de soja, milho, algodão e cana, o país é terreno fértil para soluções de automação e a escassez de mão de obra rural acelera a adoção de soluções robóticas.
Empresas privadas, startups e instituições públicas de pesquisa como a Embrapa têm desempenhado papel decisivo no desenvolvimento de tecnologias nacionais, adequadas à realidade brasileira.
A robotização na agricultura moderna enfrenta, ainda, desafios importantes: custo de aquisição, infraestrutura de conectividade, capacitação de produtores e adaptação tecnológica às diversas realidades regionais. Mas todos concordam que o movimento é irreversível.
Assim como aconteceu com tratores e colheitadeiras décadas atrás, os robôs agrícolas tendem a deixar de ser uma novidade para se tornarem parte da rotina produtiva. A tendência é que equipamentos como o LumiBot ganhem robustez, autonomia e integração com outras plataformas digitais.
A combinação de inteligência artificial, sensores, conectividade e robótica está moldando uma nova era para o agro brasileiro. Uma era em que eficiência, sustentabilidade e dados caminham lado a lado.
O LumiBot ainda está em fase de testes, mas sua existência é um sinal claro de que o futuro da agricultura está cada vez mais automatizado e inteligente. Robôs autônomos, sensores, inteligência artificial e conectividade formarão, juntos, a espinha dorsal da produção agrícola do século XXI.
Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.
