O mundo inteiro discute produtividade, tecnologia e inteligência artificial. E surge uma pergunta necessária: eficientes em quê e para quem?
A provocação de Marcelo Serpa Braga acende um alerta sobre a importância do elemento humano em um mundo moderno que vive em uma busca constante pela eficiência e a produtividade;
Com formação mecânica, eletroeletrônica, telecomunicações, ICC em Administração de empresas, MBA em marketing, pós-graduado em engenharia de plásticos, gestão de projetos, Lean Manufacturing e Design Thinking. E mais de 25 anos de atuação em liderança industrial, gestão de processos e melhoria contínua, Marcelo é referência na aplicação de metodologias enxutas em ambientes produtivos complexos.

Marcelo começa com uma observação simples, mas impactante. Segundo ele, a busca desenfreada por eficiência muitas vezes esquece o elemento humano, o propósito que deveria sustentar todo esforço produtivo. “Não é sobre apertar mais botões ou fazer mais em menos tempo. É sobre fazer melhor, com clareza, consciência, conexão, com propósito”, destaca.
Para Marcelo, efetividade verdadeira (eficiência + eficácia) nasce de boas escolhas. Isso significa saber priorizar, dizer “não” para o que não agrega valor e ter clareza sobre o impacto do trabalho. A efetividade, nesse contexto, não é uma equação fria de tempo e dinheiro. É uma prática inteligente, conectada ao propósito de cada organização e das pessoas que a constroem.

“Ferramentas e métodos são essenciais, mas são apenas meios. O que dá sentido ao resultado é o propósito que move as pessoas”, afirma.
Um dos pontos mais fortes de sua tese é o reposicionamento da relação com o cliente. Marcelo defende um olhar consultivo, colaborativo, no qual o cliente deixa de ser um comprador passivo e se torna um parceiro ativo. Esse conceito é particularmente estratégico para setores como indústria, construção civil e agronegócio, onde as relações comerciais costumam se basear em volume e preço. Também válido para os clientes internos, ou seja, o colega ao lado, alguém que nos fornece, ou é cliente do que fazemos.
Ao enxergar o cliente como parceiro, as empresas ampliam horizontes e constroem relações mais duradouras, ancoradas em valor, confiança e visão compartilhada.
Nenhuma estratégia de eficiência funciona sem pessoas engajadas. Marcelo destaca a importância de uma cultura sólida, da liderança servidora e de uma comunicação interna transparente. Ele relembra que os resultados mais consistentes surgem quando o time sente que faz parte de um projeto maior e que suas contribuições têm significado.
O MVV: Missão, Visão e Valores é quem gera o contexto, o alicerce; deixa de ser um quadro pendurado na parede e passa a orientar decisões práticas, diálogos cotidianos e o relacionamento com clientes e parceiros externos, ele inspira um pertencimento, o proposito comum aos negócios que fazem o negócio prosperar.
Ao contrário de discursos genéricos sobre produtividade, Marcelo ancora sua fala em metodologias consolidadas. Ele apresenta a tríade Lean Manufacturing (Livro a máquina que mudou o mundo), TOC (Teoria das Restrições – Famoso livro a META) e CEP (Controle Estatístico de Processos) como ferramentas de consciência e melhoria contínua, não de controle. São métodos que nasceram da observação prática e ajudam empresas a reduzir desperdícios, identificar gargalos e sustentar o crescimento com inteligência operacional.
Essas ferramentas, segundo ele, tornam-se muito mais poderosas quando conectadas a um propósito coletivo. “A técnica é importante. Mas quando vem acompanhada de humanidade, cria legado”, reforça.
Marcelo também aborda ferramentas estratégicas como a análise SWOT e BSC (Balanced Scorecard), defendendo que visão sem execução é só intenção. Ao alinhar diagnóstico e propósito, as empresas conseguem transformar estratégias em planos concretos, indicadores em metas com significado, e metas em realizações mensuráveis.
Para ele, eficiência moderna é gestão humanizada: não basta fazer bem, é preciso saber por que e para quem se faz.
Marcelo cita até Walt Disney: “Você sabe qual é o seu projeto de sucesso?” A pergunta serve de convite para líderes, empreendedores e profissionais refletirem sobre a essência de seu trabalho. “Eficiência sem humanidade é só produção. Com humanidade, eficácia, vira legado efetivo”, conclui.

Lonax Play – Marcelo, o que significa, na prática, “eficiência com propósito” no dia a dia de uma empresa?
Marcelo Serpa – Cito eficiência como provocação, e por ser um termo mais conhecido, na verdade o que gera resultado de verdade é a efetividade, é ser eficaz, resolver a coisa, a questão, antes até que a questão se torne um problema (passa pelo verdadeiro sim, ou não, pelo importante, urgente e o circunstancial; gosto muito da tríade do tempo, do Christian Barbosa, com ponderações da matriz do tempo de Eisenhower, e do genial Stephen Covey, em seu “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”).
É fazer a coisa certa, da maneira certa, no tempo certo (hora, começo meio e fim; gestão de projetos) ao custo adequado, no lugar certo, e pela(s) pessoa(s) e recursos certos, adequados. Metas SMART ajudam MUITO a ser EFETIVO
Lonax Play – Como transformar a relação com clientes especialmente no agro e na construção civil de transacional para consultiva?
Marcelo Serpa – Empatia verdadeira, exercer a escuta ativa, o avaliar que é criar, o ouvir além do que é dito, o ver além do que é mostrado, conectar os conhecimentos, usar as técnicas de design thinking, pensar na solução que gera valor. Ter o contexto e outras técnicas investigativas, perguntas abertas e fechadas, buscando respostas / informações que atendam as “métricas” SMART e claro quais os critérios da pessoa ou instituição do outro lado, para que o “projeto” possa ser considerado um sucesso.
Lonax Play – Qual é o papel da liderança nesse processo de alinhar produtividade e humanidade?
Marcelo Serpa – Aqui vou lançar mão das palavras do mestre em Liderança Nutritiva, Luciano Pires: Liderança Nutritiva, é a capacidade de inspirar e provocar as pessoas a fazer acontecer, transmitindo conhecimento e apoio que são percebidos como genuinamente relevantes para a vida pessoal e profissional de cada indivíduo.
Não é sobre ser “bonzinho”. É sobre ser inteligente o suficiente para entender que:
- Pessoas nutritivamente lideradas não trabalham por você; trabalham com você!
- Não fazem apenas o necessário; fazem o extraordinário!
- Não ficam porque precisam, ficam porque querem crescer!
- Não executam ordens, abraçam propósitos!
Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.
