Elas são discretas, resistentes e carregam uma beleza singela que encanta à primeira vista.
As suculentas – plantas originárias de regiões áridas da África, Ásia e América – conquistaram os lares (e corações) do mundo inteiro.
Sua principal característica é a capacidade de armazenar água nas folhas, caules e raízes o que as torna não apenas resistentes à seca mas também símbolos de resiliência, um traço que dialoga profundamente com a história de quem as cultiva.
Na Antiguidade, já se encontravam registros do uso ornamental das suculentas.
No século XX, passaram a ser popularizadas como plantas de fácil manutenção e grande variedade estética.
Hoje, além de sua beleza escultural, elas carregam um novo significado: são aliadas da saúde mental, da educação e até da reinvenção profissional. E poucas histórias ilustram isso tão bem quanto a de Adriana Calais, fundadora da Oficina das Suculentas, em Belo Horizonte.
Uma semente plantada com afeto
A trajetória de Adriana começou com um gesto simples: uma lembrancinha de casamento. Uma única suculenta entregue como recordação foi o estopim para uma revolução pessoal.

Ao pesquisar, descobriu que podia multiplicar suculentas a partir de folhas — e mergulhou nesse universo.
O cultivo, que começou como passatempo em uma varanda de apartamento que dividia com o irmão, rapidamente virou paixão. Mas a paixão precisava de espaço. E, naquele pequeno apartamento, cada centímetro ocupado por vasos gerava pequenos atritos familiares — até que Adriana enxergou uma saída criativa e corajosa.
Do turismo ao plantio: herança e reinvenção

Fonte: Arquivo Pessoal
Em 2020, com a chegada da pandemia, o hotel foi fechado novamente. Mas, ao contrário do que seria esperado, Adriana encontrou no isolamento uma oportunidade de conexão.
Com o Instagram como vitrine e as lives como canal, criou a Oficina das Suculentas, um espaço virtual onde compartilhou conhecimento, histórias e beleza.
Naquele momento, ela já tinha cerca de 10 mil seguidores. Hoje, são quase 300 mil — uma comunidade engajada, espalhada por todo o Brasil.
A Oficina virou um fenômeno: vende suculentas, ministra cursos online com mais de 4 mil alunos, realiza eventos como o Outlet das Suculentas — o maior do país — e se tornou referência em bem-estar e empreendedorismo verde.
Bem-estar e saúde emocional: um novo olhar sobre o verde
Cuidar de suculentas não é apenas uma atividade estética — é terapêutica. Adriana viveu isso na pele, ao enfrentar crises de ansiedade. A prática de cultivar, de tocar a terra, ajudou-a a reencontrar o equilíbrio. E esse efeito se espalhou.
Histórias como a do Aguinaldo, que saiu da lida em um canavial para viver da venda de suculentas, ou da Naianda, ex-manicure gaúcha que se reinventou na pandemia com as plantas, mostram que a Oficina das Suculentas também é uma ponte para novas possibilidades de vida. Médicos sobrecarregados, idosos em isolamento, crianças em formação — todos encontram no cultivo um caminho de cuidado e reconstrução.
Educação que floresce: o projeto pedagógico
Atualmente, a Oficina vai além da produção e do comércio. A equipe desenvolveu um projeto pedagógico que alia o ensino de biologia ao plantio, permitindo que alunos aprendam, literalmente, com as mãos na terra. Milhares de crianças já participaram de oficinas educativas em escolas ou nas estufas da Oficina — três delas localizadas na orla da Lagoa da Pampulha, em BH.
Além disso, o espaço físico se transformou em ponto turístico e experiência sensorial. Adriana recebe visitantes de todas as partes do país, atraídos não apenas pelas suculentas, mas pelo ambiente acolhedor e pela filosofia de vida que se planta ali.
Produção e tecnologia: inovação de raiz
Por trás da poesia do verde, há também tecnologia e estrutura. A Oficina conta hoje com 20 estufas, entre as unidades urbanas e a fazenda em Carandaí. Para garantir produtividade e qualidade, Adriana recorre a filmes agrícolas, que regulam temperatura, luminosidade e umidade — boa parte fornecida por parceiros como a Lonax, empresa referência no setor.
Essa tecnologia viabiliza a produção da maior variedade de suculentas do Brasil, com mais de 2 mil espécies diferentes. A logística inclui cultivo especializado, embalagem adequada para transporte interestadual e estratégias de conservação das plantas, respeitando a natureza de cada espécie.
Outlet das Suculentas: evento e conexão

Fonte: Envato
Um dos marcos mais importantes da trajetória da Oficina é o Outlet das Suculentas, evento que reúne até mil pessoas por dia. Durante o festival, os visitantes encontram suculentas com descontos de até 70% e participam de oficinas, rodas de conversa, palestras e momentos de troca.
Mais do que um espaço de vendas, o Outlet é um celeiro de histórias e afetos, onde curiosos e apaixonados compartilham saberes e experiências — uma feira viva, que celebra o vínculo entre pessoas e plantas.
Missão que cresce: cultivar pessoas
Ao conversar com Adriana, fica claro que o sucesso da Oficina das Suculentas vai muito além dos números. Para ela a missão é clara: cultivar pessoas. A planta é o ponto de partida, mas o destino é sempre humano. E isso é o que atrai cada vez mais gente ao projeto — não apenas para comprar, mas para se transformar.
O relato da fundadora é repleto de afetividade, empatia e consciência. Aos 37 anos, ela se orgulha de ter criado um negócio sólido, sustentável e cheio de propósito — que envolve o filho Marcos, de 4 anos, e toda equipe com 12 colaboradores, alunos, parceiros e admiradores. Inclusive o irmão.
Um gesto que germina
A história de Adriana Calais é, ao mesmo tempo, individual e coletiva. Mostra como o empreendedorismo pode surgir de um gesto simples e se tornar uma força transformadora na vida de milhares de pessoas.
A Oficina das Suculentas é mais do que um negócio de plantas: é um viveiro de afetos, de aprendizado, de conexão.
No coração de Belo Horizonte — e no coração de tantos brasileiros — as suculentas continuam florescendo. Discretas, resistentes, cheias de vida. Exatamente como Adriana.

Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.