Rentabilidade na produção agrícola

A lucratividade de qualquer atividade empresarial passa obrigatoriamente pela otimização dos custos operacionais. Na produção agrícola não é diferente.

A complexidade e as diversas rotinas de um agricultor geram despesas que, se não forem entendidas e controladas, podem significar saldo negativo no fim das contas (literalmente).

A redação Lonax Play conversou com dois produtores rurais a respeito do assunto para saber quais os métodos e práticas que ambos utilizam para a redução máxima dos custos envolvidos em suas produções sem impactar a qualidade de suas colheitas.

Lucas Siqueira é mineiro da pequena Delfim Moreira, região sul de Minas Gerais. A família toda vem do campo. Avós e pais trabalharam com a terra e com a colheita. Lucas herdou a vocação da família e se dedicou por muito tempo ao plantio de batata, frutas, verduras e leite.

Atualmente Lucas tem quase 250 mil seguidores em seu Instagram e treina produtores rurais para obterem justamente mais lucratividade em suas atividades.

Já o paulista Rafael Martins, de São José do Rio Preto, não teve ninguém da família voltado para a produção agrícola mas ele escolheu o caminho do campo e se graduou engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa/MG. Depois da experiência em plantações de cana de açúcar como empregado resolveu empreender, adquiriu 5 hectares de terra e começou a plantar quiabo, milho verde e pimenta dedo de moça.

Hoje Rafael – também com quase 250 mil seguidores no Instagram – se dedica a ensinar a jovens empreendedores rurais métodos e processos ideais para rentabilizar e ter resultados positivos a partir de plantio e produção de hortifrutis (HF) em pequenas propriedades.


Lonax Play: São muitos custos envolvidos direta e indiretamente na produção agrícola. Quais são os principais, os fixos e variáveis, e quais pesam mais ?

Rafael: Na produção de quiabo aqui na Fazenda Viçosa, lidamos com uma diversidade de custos. Os fixos, como infraestrutura e equipamentos, são estáveis e previsíveis. Porém, os custos variáveis, como insumos e mão de obra, realmente pesam mais no nosso orçamento. Os insumos, em particular, podem flutuar muito, e isso afeta diretamente o nosso planejamento financeiro. Para nós, garantir que as plantas recebam os nutrientes certos, controlando ao mesmo tempo as pragas, é crucial para uma safra saudável.

Lucas: Para culturas que dependem de mão de obra, como por exemplo os HF, com certeza o custo da mão de obra está cada vez mais impactante, e cada vez mais escassa. Em seguida vem os insumos (adubos e defensivos) que são cotados em dólar e estão, a cada safra, com o preço mais alto. Para grãos o que pesa hoje são os insumos (adubo e defensivos), semente, óleo diesel, e para quem paga arrendo aí fica mais apertado fechar a conta.

Lonax Play: Para quem pensa em investir em HF, por exemplo, quais são os custos (investimento inicial)?

Rafael: Se você está pensando em entrar no mundo do hortifrúti, vale a pena considerar os custos de terreno, seja comprando ou arrendando. Na produção de quiabo, investir em um bom sistema de irrigação foi fundamental para prevenir estresses hídricos. E, claro, nunca subestime a importância de ter sementes de alta qualidade para começar.


Lucas: HF engloba muitas culturas, e cada uma delas tem seu custo de produção. Tomate rasteiro hoje para indústria fica em torno de 35 mil por hectare, já o tomate rasteiro para mesa fica perto de 50 mil o hectare porque a colheita é manual e aí encarece mais.

Lonax Play: O que pesa menos ou o que vale mais a pena: comprar ou arrendar terra para produzir?

Rafael: Na nossa experiência, arrendar a terra pode ser uma excelente maneira de começar sem um grande desembolso inicial. Isso nos dá flexibilidade para testar o solo e ver se é realmente o que precisamos antes de um compromisso maior. Já a compra é interessante para quem pensa em um investimento de longo prazo, mas vem com suas próprias responsabilidades e riscos financeiros.


Lucas: depende de qual região do Brasil, mas sempre tem os pontos positivos e negativos de cada região. Por exemplo: no Piauí ou no Maranhão você vai conseguir comprar uma boa terra por um valor que vale a pena, mas já a logística para chegada de insumos e saída da produção vai impactar custos por causa da distância e das condições da região, que ainda está em desenvolvimento.


Lonax Play: Produtividade e qualidade é o binômio que todo produtor persegue. É possível conseguir cortando custos?

Rafael: Uma coisa é certa: sempre buscamos maximizar a produtividade e qualidade da nossa produção. Sim, é possível cortar custos sem comprometer esses pontos, mas é preciso estratégia. Por exemplo, investir em capacitação técnica e em tecnologia tem sido as melhores opções.

Lucas: É possível sim conseguir boa produtividade com boa qualidade cortando custos, só é preciso ter conhecimento para saber o que cortar. Tem coisas essenciais que se cortar vai impactar diretamente em produtividade.

Lucratividade para o produtor rural

Para ambos a relação entre custo e lucratividade para o produtor rural é crucial para a sustentabilidade do negócio. Custo de produção impacta diretamente nos lucros, quanto menor for os custos de produção (sem comprometer a lavoura) maior será a margem de lucro – se a lavoura produzir pelo menos o mínimo esperado.

“Custos elevados, desnecessários, podem reduzir os lucros, é preciso ter planejamento, pôr no papel e não ter preguiça de fazer conta”.


Investir em eficiência operacional, reduzir desperdícios, otimizar insumos, e melhorar a gestão da mão de obra da empresa. O uso de tecnologias e boas práticas de manejo podem reduzir custos e aumentar a produção.

O equilíbrio entre custo mínimo de produção e lucratividade máxima é o grande desafio do produtor rural. Não se trata apenas de cortar gastos, mas de investir de forma estratégica para melhorar a eficiência e o retorno sobre o investimento. Muitos produtores focam apenas na redução de custos, mas o maior impacto vem de tomar melhores decisões na gestão da propriedade.

No fim, o cenário ideal é aquele em que o produtor conhece seus números, investe no que realmente traz retorno e busca constantemente novas oportunidades para melhorar sempre e sem parar.

Da redação Lonax Play.
Lincoln Gomide, Jornalista Responsável.
Com revisão da equipe de Comunicação da Lonax.

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